Pelo menos três partidos na Paraíba podem ter mandatos cassados caso seja provado uso de candidaturas laranjas

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A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que a presença de candidaturas de laranjas para fraudar a cota mínima de candidatas mulheres deve levar à cassação de toda a chapa eleitoral pode chegar à Paraíba. Isso porque a decisão, que foi relativa a candidaturas no Piauí, pode abrir precedente para casos semelhantes.

Na Paraíba, recaem suspeitas sobre pelo menos três partidos, o PR, o PTB e o PSL, acusados de terem utilizado o artifício de candidaturas laranja para garantir a coligação, de acordo com levantamento feito pela equipe de reportagem do ClickPB.

Existe o caso de Sandra Mendes, candidata a deputada estadual pelo PR, que recebeu R$ 1 milhão em recursos e teve 491 votos ao fim das eleições. De acordo com levantamento realizado em fevereiro pelo jornal Folha de S.Paulo, esse foi o caso com maior volume de recursos envolvido.

Outro caso suspeito é o da candidata a deputada estadual Ilmara Moraes (PSL), que recebeu R$ 207,2 mil para a sua campanha e chegou a devolver recursos para o partido. Ela comprou grande quantia de materiais gráficos a poucos dias da eleição, e apresentou contradições entre empresa e serviço contratado.

Ainda na Paraíba, a candidata a deputada federal pelo PTB, Eva Wilma Alves Pires Mendes teria recebido a quantia de R$ 355 mil do fundo partidário, segundo informações prestadas à Justiça Eleitoral. Apesar do investimento, ela obteve somente 452 votos no último pleito.

O ClickPB procurou informações sobre o andamento dos processos na Justiça Eleitoral, mas até o fechamento desta matéria, o Ministério Público Eleitoral não respondeu sobre os casos.

Outro caso na Paraíba que tomou repercussão foi o de Malu Vinagre, candidata a deputada estadual pelo PROS. Durante a campanha eleitoral ela recebeu da legenda o valor de R$ 150 mil e uma doação de R$ 500 mil da direção nacional do PT. Foi aberta uma investigação contra ela, mas o Ministério Público Federal (MPF) decidiu arquivar o processo. Malu recebeu 737 votos na última eleição e conseguiu comprovar seus gastos de campanha ao Tribunal Superior Eleitoral.

De acordo com o levantamento da Folha de São Paulo, há 53 candidaturas suspeitas de utilizarem laranjas em todo o país, sendo 49 de mulheres. A lei eleitoral obriga que partidos invistam pelo menos 30% dos recursos do fundo partidário em candidaturas de mulheres, o que pode ocasionar manobras para preencher a cota. 

Entre as 49 candidaturas femininas suspeitas apontadas pelo jornal, 12 são do Pros, nove do PRB e sete do PR. O PSD e o MDB têm quatro casos, enquanto DEM, PP, PPS e DC têm dois. PSL, PTB, PSC, PSDB e Podemos têm uma candidatura suspeita cada. Os critérios utilizados para considerar uma candidatura suspeita foram o alto uso de verbas do fundo partidário e baixa votação. 

Uma pesquisa realizada pelas professoras Malu Gatto, da University College London, e Kristin Wyllie, da James Madison University, apontou que 35% das candidatas mulheres para a Câmara dos Deputados na eleição de 2018 não chegaram a alcançar 320 votos. Os números sugerem que essas candidatas não chegaram a fazer campanha e foram usadas apenas para cumprir a lei de cotas.

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