Desencontro na vida familiar de Aguinaldo coloca pauta feminista de Daniella à prova, e agora ela só tem uma saída: censurar o irmão na tribuna do Senado

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O infeliz “imbróglio” entre o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) e sua ex-esposa Ana Rachel Targino, que o acusa na Justiça de agressões física, moral, psicológica e patrimonial, não apenas expõe o parlamentar à execração pública, manchando o seu operoso mandato, como atinge em cheio o igualmente operoso mandato da sua irmã, a senadora Daniella Ribeiro (PSD).

Apesar de ter divulgado nota desmentindo as supostas agressões, a reputação masculina de Aguinaldo Ribeiro, que sempre se divulga um “homem de Deus” por sua prática religiosa evangélica e os dotes musicais na condição de aplaudido cantor gospel, com certeza a partir de agora começará a sofrer sérias restrições.

Pior: a senadora Daniella Ribeiro, destacada liderança integrante, no Congresso Nacional, da importantíssima Comissão Permanente Mista de Combate à Violência Contra a Mulher (CMO), cuja pauta tem sido o ponto mais alto da sua ação parlamentar, acaso não venha com urgência se manifestar na tribuna do Senado contra as supostas agressões do mano, verá ir por água abaixo toda a sua agenda feminista e ainda vir a ser acusada de omissa, corporativa e incoerente.

Integrante do chamado Bloco Parlamentar da Resistência Democrática, Daniella já encetou diversas campanhas Brasil afora em defesa das mulheres, bem como protocolou projetos relevantes sobre a causa feminina, dentre os quais um, já votado no Senado, para que o agressor possa ser afastado do lar. Também, outra proposição da irmã de Aguinaldo que já tramitou e foi aprovado no Senado, cuida de penalidades na questão da violência psicológica, patrimonial, sexual, assim como se faz na violência física.

Em agosto do ano passado, em vigoroso e emocionado discurso no Congresso Nacional por ocasião de sessão comemorativa aos 17 anos da Lei Maria da Penha, Daniella indagou às colegas senadoras presentes se alguém ali no recinto não sofreu a violência.

Segundo ela, “qualquer tipo de violência, qualquer mulher tem em casa uma situação como essa”. E arrancando lágrimas dela e de outras mulheres que a aplaudiram, deu um testemunho familiar, nada a ver com o que ora envolve Aguinaldo, mas sobre fato acontecido com a segunda Primeira Dama da Paraíba, sua nora Camila, esposa do filho Lucas Ribeiro, atual vice governador do Estado.

– “Eu tenho uma e eu tenho essa situação na minha casa. Eu vou contar a história de uma menininha chamada Camila. Aos oito anos de idade, a sua mãe decidiu que não queria mais viver com o seu pai. E, num belo dia, o pai dela bateu à porta – ela morava agora com a avó e com a mãe da sua avó – e pediu para falar com a sua mãe. Ele entrou no quarto, fechou a porta, trancou a porta, ligou o som muito alto e esfaqueou essa mulher até matá-la. Essa criança de oito anos de idade é minha nora, que hoje é a Vice-Primeira-Dama do Governo do Estado da Paraíba”, arrancou palmas a oradora, continuando:

– “E eu quero dizer que hoje a Camila tem uma grande oportunidade de ajudar mulheres que vivenciaram situações como essa. E eu vejo aqui, neste lugar e neste espaço, cada uma de nós mulheres que temos a oportunidade de fazer isso, mesmo que nós não tenhamos vivenciado uma situação como essa, por aquelas que vivenciam. Eu estou falando de uma menina, que hoje é uma mulher – mãe do meu neto; agora, do segundo neto que vai nascer – que tem essa oportunidade, mas quantas não têm e precisam de nós?

Precisam de uma Camila, que vivenciou isso e que hoje está pronta e está fazendo a sua parte para ajudar essas mulheres. Eu quero, por fim, homenagear minha nora Camila e dizer que Deus me deu a bênção de tê-la na nossa casa, de ter o Lucas, meu filho, como seu marido, porque ela para nós é uma bênção, uma mulher que nos ensina com a sua história de vida, mas, acima de tudo, que representa a força que foi transformada de uma situação de vida que ninguém escolhe, mas que, infelizmente, muitas de nós sofremos. Por fim, eu queria terminar só com um trecho – eu sei que não vamos poder cantar, porque senão vai virar pé de música – de uma música de Vanessa da Mata, e parabenizar os 17 anos da Lei Maria da Penha, porque é só isto que a gente quer, que é poder dizer: “É só isso/ Não tem mais jeito/ Acabou, boa sorte”. Só isso, respeite isso. Esse homem precisa respeitar essa decisão da mulher”.

E complementou sua histórica oração:

– “Há infelizmente homens que ainda não compreenderam que a discussão entre homens e mulheres na política deve ser sobre gestão, sobre atuação, mas jamais tentando levar ao pensamento sobre a mulher, fazer qualquer tipo de levantamento a respeito da mulher nas questões emocionais, nas questões em que geralmente gostam de nos colocar para baixo, quando não se tem argumento, quando não se tem o que dizer, é mais fácil dizer que a mulher não está bem, que a mulher é mal-amada, que a mulher é louca, que ela tem problemas emocionais”.

NO CONDE

Lembrando que no ano passado ainda, quando o saudoso ex-prefeito do Conde, Aluízio Régis, destratava sua ex-nora, a prefeita Karla Pimentel, classificando-a nas rádios da Capital como “adúltera sem vergonha” por ter se separado do seu filho Hermann, coube exatamente a Daniella ir à tribuna do Senado para repudiar o fato e cobrar das autoridades judiciais punição exemplar para Aluízio.

Hoje, por pura ironia do destino, Karla é filiada ao PP, sob liderança e indicação de Aguinaldo Ribeiro.

Fonte: A Palavra

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