Como especialistas da USP calcularam que havia 185 mil pessoas no ato de Bolsonaro na Paulista

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O ato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (25) na Avenida Paulista reuniu 185 mil pessoas, segundo o Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP). A tecnologia é uma novidade em relação aos métodos usados anteriormente, como o feito pela Polícia Militar e outras entidades.

Em entrevista ao Estúdio i desta segunda-feira (26), Pablo Ortellado, professor de Gestão de Políticas Públicas, explica como a contagem é feita.

“A maior parte das estimativas que a gente vê ali, dos organizadores, elas são muito superestimadas e feitas mais ou menos no olho. O que a gente há dois anos está fazendo é desenvolvendo a tecnologia para mensurar isso de uma maneira igual, que nos permita fazer comparações no tempo e [de maneira] razoavelmente precisa”, conta.

Como é feita a medição:

📷 são tiradas fotos por drones na posição vertical. A divisão é feita por perímetro, podendo ser de um quarteirão inteiro ou meio quarteirão;

🖥️ um software tira a sobreposição das imagens, para não contar as mesmas pessoas duas vezes;

📷 é criada uma grande foto na horizontal, juntando todas as fotos tiradas;

👥 um software treinado para contar cabeças dá uma estimativa das pessoas que estão na foto.

Ato Paulista 25 de fevereiro — Foto: g1

“Hoje, depois de a gente treinar bastante o software, a nossa margem de erro está em 12%. Significa que se a gente estimar que foram 100 mil pessoas, significa que é um número entre 88 mil e 112 mil”, explica.

Segundo o estudo, o pico de 185 mil ocorreu por volta das 15h, momento em que Bolsonaro subiu no carro de som.

Às 17h, havia entre 45 mil e 30 mil pessoas.

O ato foi convocado por Bolsonaro em meio a investigações da qual o ex-presidente é alvo por suspeita de participação numa tentativa de golpe de Estado para permanecer no poder.

Maior precisão

Pesquisador explica contagem de participantes em ato de Bolsonaro na Paulista

O especialista explica que iniciou essa nova metodologia de contagem por precisar desses números como pesquisador. Segundo Ortellado, os números apresentados até então eram superestimados.

“Uma cultura política que superestimou esses números durante muitos anos, não apenas para eventos políticos. A gente fala que teve não sei quantos milhões na Paulista na virada do ano, não sei quantos milhões no caminhão de som da Ivete Sangalo no Carnaval. São números muito inflados, que foram estimados no olho de maneira muito imprecisa e usando métodos muito grosseiros”, diz.

Ele explica que a metodologia aplicada por ele é capaz, por exemplo, de comparar eventos no mesmo lugar.

“A nossa metodologia é muito mais precisa e, como a gente tem feito ela da mesma maneira várias vezes, eu consigo dizer com muita convicção que, por exemplo, ontem na Paulista a gente teve mais gente, bem mais gente, do que a gente teve no 7 de setembro de 2022 na Paulista. Porque a gente usou a mesma maneira: são fotos feitas do mesmo jeito, no mesmo lugar, com a mesma iluminação, usando a mesma metodologia. Isso permite a gente olhar a evolução dessas mobilizações como parâmetro comum”, conclui.

Em ato na Paulista, Bolsonaro defende anistia para presos no 8 de janeiro — Foto: Miguel Schincariol/AFP

Em ato na Paulista, Bolsonaro defende anistia para presos no 8 de janeiro — Foto: Miguel Schincariol/AFP

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