Polícia investiga vereador suspeito de contratar ‘fantasmas’ e receber parte dos salários de servidores

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A Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil de João Pessoa está investigando uma denúncia de corrupção na Câmara de Vereadores do Conde, na Região Metropolitana da capital. A denúncia foi divulgada, com exclusividade, no JPB 2 desta quinta-feira (28) e aponta que um vereador da cidade contratava funcionários fantasmas e ficava com a maior parte dos salários dos servidores, conforme a Polícia Civil.

As investigações iniciaram no ano passado, após uma uma denúncia de que uma beneficiária do Programa Bolsa Família estava trabalhando na Câmara Municipal do Conde. A equipe do programa esteve na casa da suposta funcionária pública e lá descobriu que a mulher não trabalhava, nem ficava com o salário de R$ 900. Isso porque a beneficiária devolvia o dinheiro para o vereador identificado como Fernando Araújo, conhecido como Fernando Boca Louca, e ficava apenas com R$ 100,00.

Ela disse que trabalhou na campanha dele e que aceitou receber apenas uma pequena parte do salário por necessidade. “No pensar dele [do vereador], era assim: tu fica com esses R$ 100 até eu conseguir um emprego pra tu, então eu fiquei. Eu tava precisando porque eu tenho um filho pra dar as coisas. E eu desempregada”, pontuou a beneficiária.

Ao saber que iria perder o benefício do Bolsa Família, a mulher procurou o programa e informou que não trabalhava. A gestão do Bolsa Família informou que acredita que a mulher não ficava com o salário, porque a condição financeira dela era realmente delicada.

No decorrer das investigações, a Polícia Civil identificou que outras pessoas também participavam do mesmo esquema. Como é o caso de um homem que estava contratado como chefe de gabinete, mas era analfabeto. À polícia, ele disse que recebeu a proposta do vereador para a divisão do salário, mas não aceitou.

“A gente entende que o vereador cometeu a corrupção, já que ele pediu os valores recebidos pelos assessores. Além da corrupção tem o crime de lavagem de dinheiro, porque em uma das modalidades ele pediu dinheiro emprestado para um ex-vereador e contratou duas pessoa indicadas por ele, para que elas, recebendo o salário, então, pudessem repassar o valor como se fosse um pagamento por aquele empréstimo”, explicou o delegado Alan Murilo Terruel, da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Capital, acrescentando que o vereador depositava os valores na própria conta.

O delegado disse ainda que, em depoimento prestado à polícia, nesta semana, o vereador confessou todas as práticas. No entanto, Fernando não quis dar entrevista à imprensa.

No município do Conde, um vereador ganha de R$ 7.596,60 por mês, mas, com este esquema, a polícia estima que Fernando Boca Louca tenha colocado no próprio bolso mais de R$ 70 mil, através de assessores fantasmas, apenas neste mandato, que começou há pouco mais de dois anos.

Segundo o delegado, além do vereador, as outras pessoas que participaram do esquema podem responder pelo crime de peculato, que é quando o servidor se apropria de dinheiro público. Ele orienta que as pessoas que tiveram nomes usados, por vereadores, e não receberam os salários, que procurem a Delegacia de Combate ao Crime Organizado, na Central de Polícia, em João Pessoa.

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