Ciro faz aceno à esquerda e ao empresariado para tentar romper isolamento

Compartilhe essa notícia
Please follow and like us:
YouTube
Instagram

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Durante o lançamento oficial de sua candidatura ao Planalto, nesta sexta-feira (20) em Brasília, Ciro Gomes (PDT) fez um discurso calculado, com acenos ao empresariado mas, principalmente, a partidos de esquerda, para tentar romper com o isolamento em que se viu mergulhado nos últimos dias.

Rechaçado por empresários e com dificuldades de fechar alianças -nesta quinta-feira (19) Ciro perdeu o centrão para Geraldo Alckmin (PSDB) e não anunciou nenhuma sigla aliada no evento que chancelou sua candidatura-, o presidenciável do PDT convocou “todas as forças políticas que tenham espírito público” para transformar o Brasil.

Apesar das inúmeras referências à necessidade de priorizar os que mais precisam, Ciro afirmou que as mudanças não serão feitas apenas pelos pobres e pela classe trabalhadora, mas também por aqueles que estão “na ponta da nossa indústria, produção e comércio”.

“Não é só com os trabalhadores e os pobres, a quem devo primeiro a minha atenção, que acho que o Brasil precisa mudar. O colapso da economia brasileira atinge também, de forma grave, aqueles que estão na ponta da nossa indústria, e na produção ou no nosso comércio. Também para eles o projeto nacional de desenvolvimento é, de igual forma, urgente”, declarou durante seu discurso de trinta minutos.

Há duas semanas, o presidenciável foi vaiado por empresários em evento promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) ao dizer que revogaria pontos da reforma trabalhista. Esta semana, ele causou mal-estar no setor ao enviar uma carta se posicionando pela interrupção das negociações entre Embraer e Boeing.

Depois de elencar números sobre desemprego, segurança e outros dados que, segundo ele, “doem no fundo da alma” mas refletem a dificuldade para a recuperação da economia, Ciro citou o ex-presidente Lula (PT) e disse que o povo já viu, “no passado recente, que é possível ser diferente quando o governo é conectado com o povo”.

“Depois de tudo o que houve com o ex-presidente Lula, a nossa responsabilidade aumenta muito. São 207 milhões de pessoas que temos que vestir, empregar, garantir que se alimentem e tenham cuidado médico decente. Todas elas já viram no passado recente que é possível ser diferente quando o governo é conectado com o povo. Convidamos todas as forças políticas que realmente tenham compromisso com o Brasil, espírito público e amor ao nosso povo para nos ajudar a transformar nosso país”, completou.

A fala de Ciro tem destinatário certo: PSB e PC do B, siglas mais alinhadas à esquerda com as quais têm negociado uma possível aliança.

Após o revés que o fez perder o centrão -formado por DEM, PP, PR, SD e PRB-, o candidato tenta atrair os outros dois partidos e evitar o isolamento político total na corrida ao Planalto. Sozinho, Ciro tem apenas 33 segundos de tempo no horário eleitoral na TV.

]Ele tenta unificar esse grupo depois de flertar com partidos de espectro mais à direita, e insiste na polarização com Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas sem Lula. Na convenção, Ciro fez referências ao capitão reformado sem citá-lo nominalmente, e disse que era preciso acabar com a política do “ódio”.

Ainda durante seu discurso, Ciro disse que a geração de emprego é a “primeira e mais urgente” tarefa, caso seja eleito em outubro, e repetiu que “comete erros”, mas “nenhum deles por desonestidade intelectual”. “Querem desgastar o carteiro para que o brasileiro não leia a carta”, disse em referência às críticas de que tem temperamento explosivo.

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial