Compra de mandato em Cabedelo, PB, foi proposta por radialista, aponta denúncia

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A denúncia protocolada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), que deflagrou a segunda fase da Operação Xeque-Mate, nesta quinta-feira (19), esclarece que a compra do mandato de Luceninha, prefeito de Cabedelo em 2013, foi uma ideia proposta pelo radialista Fabiano Gomes. Os dois foram denunciados nesta segunda fase e o radialista alvo de mandado de busca e apreensão. Os fatos foram relatados na denúncia de Olívio Oliveira, em depoimento à Polícia Federal.

A operação Xeque-Mate foi deflagrada no dia 3 de abril, em sua primeira fase, com o cumprimento de 11 mandados de prisão preventiva, 15 sequestros de imóveis e 36 de mandados busca e apreensão expedidos pelo Tribunal de Justiça da Paraíba e cumpridos pela Polícia Federal. Nesta quinta-feira, foi deflagrada a segunda fase, com o cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão.

Conforme sintetizado na denúncia do MPPB, Fabiano Gomes foi responsável por “exercer forte pressão” junto ao então prefeito Luceninha, para o pagamento de R$ 30 mil mensais repassados a ele por Luceninha. Segundo a denúncia, as dívidas com campanha tornaram a situação financeira de Luceninha “insustentável”, a ponto de confessar a Olívio, também denunciado na segunda fase, que iria renunciar.

Olívio contou a Fabiano que Luceninha estava disposto a renunciar. Diante disso, o radialista marcou uma reunião em seu flat, no bairro de Manaíra, onde ouviu de Luceninha a motivação da renúncia. Ele explicou a Fabiano que estaria com dívidas de campanha de aproximadamente R$ 3 milhões.

Após ouvir os motivos, Fabiano saiu do flat e pediu que Luceninha e Olívio o aguardassem no flat. Aproximadamente duas horas depois Fabiano retomou dizendo ao então prefeito que um empresário iria pagar suas contas de campanha e que ele renunciaria para dar lugar a Leto Viana (PRP) na Prefeitura.

Quando perguntado por Luceninha a Fabiano se o negócio era lícito, a resposta foi que o dinheiro seria de Roberto Santiago. No escritório do empresário, uma hora e meia depois que Luceninha confirmou a renúncia, uma pessoa chegou ao local com o termo de renúncia pronto.

Logo após a posse, Leto Viana saiu no carro do empresário Roberto Santiago, que também é investigado na 'Xeque-Mate' (Foto: Kleide Teixeira/Jornal da Paraíba/Arquivo)Logo após a posse, Leto Viana saiu no carro do empresário Roberto Santiago, que também é investigado na 'Xeque-Mate' (Foto: Kleide Teixeira/Jornal da Paraíba/Arquivo)

Logo após a posse, Leto Viana saiu no carro do empresário Roberto Santiago, que também é investigado na ‘Xeque-Mate’ (Foto: Kleide Teixeira/Jornal da Paraíba/Arquivo)

Ao retomar ao escritório, Luceninha pediu R$ 1 milhão a Roberto Santiago alegando necessitar pagar dívidas imediatamente. Roberto pediu para que Luceninha fosse para casa e que o dinheiro chegaria até ele através de Olívio. Por volta das 17h30 do mesmo dia, um funcionário de Roberto chegou ao escritório com uma bolsa escolar dizendo conter R$ 800 mil em espécie. Desse valor, R$ 300 mil foram retirados pelo próprio Roberto Santiago de um cofre situado no banheiro de seu escritório.

O que dizem as defesas

Durante depoimento realizado no dia 24 de abril, Fabiano esclareceu que não houve compra do mandato, mas uma procura espontânea, por parte de Luceninha e Olivio, ao empresário Roberto Santiago, através do radialista, para saldar dívidas de campanha cujos credores estariam tornando insustentável a permanência de Luceninha à frente da gestão municipal.

Radialista Fabiano Gomes, investigado na Operação Xeque-mate, detalhou a compra do mandato do prefeito Luceninha, em Cabedelo, PB (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)Radialista Fabiano Gomes, investigado na Operação Xeque-mate, detalhou a compra do mandato do prefeito Luceninha, em Cabedelo, PB (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)

Radialista Fabiano Gomes, investigado na Operação Xeque-mate, detalhou a compra do mandato do prefeito Luceninha, em Cabedelo, PB (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)

Em nota nesta quinta-feira (19), Fabiano Gomes disse que está colaborando e prestando todas as informações necessárias para a elucidação dos fatos e permanece à disposição dos órgãos competentes.

Luceninha (José Maria de Lucena Filho) informou que já fez a sua defesa por escrito na primeira fase da operação e que está à disposição da Justiça para prestar depoimento. No entanto, não vai dar maiores esclarecimentos para a imprensa.

Olívio Oliveira dos Santos disse que confia no trabalho do Ministério Público e da Polícia Federal e que vai contribuir com o que for necessário.

Já o advogado deo Roberto Santiago, Pedro Pires, informou que já esperava a denúncia do Ministério Público, mas que ainda não teve acesso ao processo e vai começar a se inteirar para, no momento oportuno, se pronunciar. O advogado disse que respeita o trabalho do MPPB, mas confia na absolvição do seu cliente.

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